(A veia da memória uiva)
Vital Corrêa de Araújo
AB INITIO
Preliminarmente, declaro que Rekodro de mis Rekodros carrega graves instantes dos movimentos que a palavra transporta em seu epifânico périplo pelas páginas (da alma e do tempo, do ser e da imaginação que o transcendentaliza) do livro por vir – e que já o é – páginas que perduram para que a obra do demiurgo que siderurgia o verbo odmariano (essa cápsula de potências filológicas avassaladora, essa usina de signos e catarses) alcance seu desiderato, de palavra carregada de máximo potencial expressivo (e desveladora dos véus marranos da vida).
Essa Antologia de poemas ontológicos (recolha de gemas que a estirpe lapida e aperfeiçoa) contribui para que a obra em progresso do poeta multiplique-se, engendre mais frutos, viceje (no espírito do leitor, na trama do século e na transcendência das coisas – humanas e divinas –) enfim, se faça poesia e luz.
Os poema de Odmar Braga são claros da lua (nova e luzente), em seu selene império na alma e na rua, em seu alumiar confeitado com a magia que o verbo ensina à mão, e esta ao olho da cosmovisão.
Em Odmar Braga, a poesia cumpre a promessa da palavra.
Algo mais forte do que cumprir uma estrofe, algo mais amante do que lapidar um instante de som e sentido (sob a força do viço) no ouro branco da página, linha a linha garimpado, é o tudo que subjaz na poesia de OB, esse conúbio da verdade com a beleza para a empresa do poema como criatura e dom humano.
Do prélio silêncio e palavra brota o fruto poema odmariano.
Noite contemplada do dossel de estrelas fixas (da poltrona de Deus), no céu de abril a maio, é como vejo (devoto leitor, prescrutador de gemas verbais), sinto, toco o verbo desse alto poeta. Nele, cada poesia (texto) é pretexto para outro (o mesmo).
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