Ler poesia moderna, assumi-la ou não (importa), recepcionar um texto vital do contexto moderno da poesia é algo complexo,
face à natureza da poética moderna, que é meio charadística, cascavélica, traiçoeira, invisível, mesmo mascarada, perigosa ao ponto de ruptura das veias cavas (e ébrias) do corpo leitor; capaz de levar a extremos (como no texto de Cláudio Veras – Revista zero Papel Jornal. “Ler VCA causa AVC”). No entanto, desintoxica a mente, torna-a permeável ao pensamento abstrato nível A do humano, exercício mental profundo, halterofilismo neuronal.
Sabe-se que um dos obstáculos à criatividade, a seu desenvolvimento pleno (redundantemente criativo) é a busca irrefreável e obstinada de sentido nas coisas (e textos). Sentido à vista, fácil, claro, único, certo. Confortável. Como afirma o palestrante Murilo Gun, em Criatividade na vida moderna, a busca da resposta certa (e única), indubitável, precisa, igual e a mesma destroça a cabeça da criança, cria neles (nos estudantes) óbices formidáveis ao progresso mental, imobiliza a mente, castra a criação, coagula o pensamento (que se torna incriativo por excelência). Estanca.
Se leitor que seja significado deseje. Não me leia (a VCA, poesia vital sutil), compre um dicionário bom ou não, repertório de significados, caixa de concreto, isto é, de concretos conceitos discursivos, catálogo de sentidos exatos, armazenados em definitivo, estocados para sempre. Não leia vital. Ou João Marques. Ou Generoso (Rogério). Ou Osman Holanda. Ou Admmauro Gommes. Ou Carlos Newton Júnior.
Segundo suas necessidades de inexpressão. E leitura fácil, linear, certinha (indubitável sentido sem mão dupla, pista expressa) e de sentido único, portanto, exaustivo, exclusivo, releia os parnasianos a cada dia, emocione-se muito, trivialmente bem. E os mais novos neoparnasianos que são muitos, apliquem-se na inexpressividade e no facilitário da velha poesia.
Todo o pusilânime cabedal (incessante) em ato de recitação nos coretos do século XXI.
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