Para RG, olhar é silêncio e linguagem, é também cosa mentale, ver é ser profundo, ver é começar a pintar o mundo.
Trata-se do olhar da linguagem, de que é fértil a poesia moderna, e que se debruça sobre a página, arrancando do seu silêncio branco o plasma, a película, o mistério de se impregnam as palavras do poema.
O êxtase sem fim e sem medo que a libido do verbo proporciona é o objetivo que RG persegue em sua poesia com denodo incisivo e tenacidade sem limite. Ele é uma revelação, algo abrupto, delicado (embora explosivo) e bem-aventurado na indecisa e envergonhada poesia que beira, linda, assola as primícias do século 21.
Ainda explorando um tema caro a Rogério, a preeminência, a presença ou operatividade do silêncio na poesia (a pausa é um silêncio branco, ativo, algébrico, íntimo, substantivo), verifica-se que a poesia é uma metáfora do silêncio, manto de palavras estendido para que o grito na garganta do verbo frutifique.
Silêncio ilha o poema de silêncio, começo e fim, alfa e ômega do poema. (A bem da verdade, o vocábulo ilha morfologicamente é verbo no texto).
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