Quanto mais unívoca a ligação entre significante (parte fônica ou imagem acústica do fonema) e significado (conceito ou noção convencionada para representar o sentido), menos poética será.
Essa univocidade é relativa, arbitrária, posto que a correlação absoluta entre signo e sentido é impossível. Embora repouse nela, em tal correlação automática, a possibilidade de comunicação. É ela que torna possível e discurso e a comunicação social.
Octavio Paz reforça e deslinda a questão do necessário e útil significado.
Na prosa a palavra tende a se identificar com um de seus possíveis significados, à custa de outros: ao pão, pão; ao vinho, vinho. Esta operação é de caráter analítico e não se realiza sem violência, já que a palavra possui vários significados latentes, tem uma vasta potencialidade de direções e sentidos.
E o pensamento, na medida em que é linguagem, sofre o mesmo fascínio. Deixar o pensamento em liberdade, divagar, é regressar ao ritmo; as razões se transformam em correspondências, os silogismos em analogias, e a marcha intelectual em fluir de imagens.
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