A linguagem poética, desde o século XX, todo e em especial hoje, é pasto de paradoxos.
É campo de caos e complexidade de mãos dadas. É lugar que reflete, refrata, que absorve, consome, digere, regurgita, ignora, ultrapassa, incorpora, avassala todas as conquistas dos últimos 133 anos.
Todo o avanço da cosmologia, biologia, física (quântica), tecnologia da informação, inteligência artificial, genética, especialmente, toda a vasta inovação múltipla e exponencial da arte do século XX, inclusive a literatura e, no âmbito dessa, a poesia, esta capaz de ser elevada a muito além da literatura, tudo e esse todo necessariamente hão de ser incorporados, ser metabolizados, haverão de ser incluídos e assimilados, retransformados e expressos criativamente pela poesia de modo absoluto.
E nunca ficar à beira, fora, ao redor, tal como se vê hoje no Brasil, que apenas adaptou, retradicionalizou a poética... e age-se como se estivéssemos plenamente conscientes dessa situação, vivida como que renovada, ciente naturalmente dessa inconsequência, parte partícipe intima dessa viva inconsciência ou alienação, no âmbito dessa atroz incoerência, desse brutal anacronismo, situando-se como estivéssemos no melhor dos mundos poéticos.
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