Uma nova poesia acende a dúvida
(ergue-se qual fênix moderna
das cinzas das palavras velhas
de sentido curto ou unívoco)
e declara a morte possível da velha
(violência rima com cobiça
raro com âncora, oiro com desdouro
martírio não será permitido).
A água é irmã do jogo
a terra continua desolada
e as quartas-feiras se tornarão cinzas
a humanidade continuará sua ruína e
tudo o que for vão é honesto
ermo o amor
qualquer cárcer será de mármor
cada títer terá seu mártir particular
(e será esmagado sob os pés dominados)
cada acaso terá seu esmo
e as rotas não mais serão rotas
tudo é o todo (nada é povo)
cada unidade traz o múltiplo
em seu útero (dialético ou não)
e a desordem em seu óvulo o caos
o úber será das bocas
e o gozo do espírito.
Eleve-se o nível de compreensão tal
de tal leitor. E a qualidade desta.
Deixe de compreender para ser. De
entender (e ver) o óbvio que ulule
(que os outros não cansa de ver e
ulular), o ordinário (e caro ao coração).
Em suma (alquímica, não aquineana),
tal leitor (eleito) absoluto recebe
as sílabas da hóstia do verbo
e os sinais ou senhas (anais ou não)
do Absoluto, porque não só caminha
mas serpenteia (serpentina) pelos
labirintos extravagários do ser.
Ó grandioso e sublime
Leitor Absoluto!
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