Formar frases (construir poemas) gramaticalmente corretos, segundo os sagrados e bem compendiados – legalmente estabelecido, princípios, normas, regras e condições da gramática-mãe (é ser politicamente correto com a língua) é, para o cidadão, indivíduo, pessoa normal (não o sou o poeta fou), a condição prévia, fixa, comum da vida em sociedade (prosaica), da plena e vital submissão às leis sociais sérias. Ninguém pode ignorar, receber, agravar, violar a gramaticalidade, o princípio gramatical da vida social: isso seria crime contra a pátria da língua. A não ser poeta (se for poeta poeta).
Pois o poeta, necessária e nunca suficientemente, comete, sob pena de não ser poeta – e poema o que fez e faz. Recusam o poema neoposmoderno, numa condição histórica ainda não inteiramente moderna, porque rejeitam-no politicamente. É excrescência, anacrônico, em relação ao futuro, algo estranho ao presente gramatical que vivemos (em especial, uma gramática subdesenvolvida ou em processo de desenvolvimento). Não se pode aceitar algo esquisito e extemporâneo como um poema sem métrica e rima. Isto não é poesia. É a prova da loucura do futuro que contaminou já as palavras agora. Ele viola as leis, é antipatriótico e antimilitar (Bilac pregava o serviço marcial gratuito). Poesia neoposmoderna é a nova (e infantil) forma de subversão.
É o marxismo poético. E a re-bolchevização da literatura. A sintaxe (a ser ferida ou assintaticada), é um mercador de poder, traz em seu âmago o retrato ou o reflexo da realidade que vivemos. E ir contra a unidade e o caráter firme da língua, que são sobretudo políticos, em última instância.
Algo, como o poema dito neoposmoderno que é o oposto do aspecto normal e vigendo da literatura brasileira hoje (v.s. o soneto, a canção, trova etc) só vem para complicar, diminuir, afrontar a nossa sonetude bem estabelecida na alma do povo. Poema incompreensível, para quê? Para não se compreender. Pode?