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Dom, Jun

destaques
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A louca largueza da noite me contempla.

O noturno em mim saboreia o verbo.

Ao culto nunca diurno me devoto, vivo.

Sinto Holderlin rodear-me

e de sua diva loucura me sacio, felizmente.

A noite é refúgio e semente

mais forte que as vicissitudes inúteis

do dia, que não é nada durável (como uma geladeira).

Das mediocridades fujo, delas me livro

livro a livro, pena a pena, uma a uma.

Ao asilo temporal da noite me recolho

o poema no alforje noturno (e vivo).

Ao poeta escuro, a religião

da noite reza. E translucida.

Os que nunca chegaram ao ninho

ao colo, à mãe noite viva

desistam da poesia. Só diurna

a insombrada prosa os aceita.

Murilo Gun

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