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Na Poesia Absoluta, o poeta não lida lídima e naturalmente com objetos subjetivos frutos de suas sensações (viscerais ou não) civilizadas ou não, ou com objetos naturais advindos de suas visões artificiais ou selvagens. Não me refiro ao não-eu (o mundo) que apenas está implícito e não é agente.

 

 

O poema: “Morte de Platão: da sombra de Platão não sobrou nada. A não ser a luz, e sêmens das ideias, e as letras do seu nome”, é puramente livre de suspeições, inspirações, conceitos.

A criatividade do poeta é a compulsão, é cega e indomável, não é algo inocente, artesanal, dirigida. É mais algo vinculado à energia compulsiva, patética, provinda das forças instintivas pulsionais da vida e da morte, do que de sensações a nível da pele.

O poeta não gera favos de palavras accionais, mas faz poemas. E esse fazer não é de caráter industrial ou industrioso. O poema deva ser espontaneamente orgânico (ou totalmente caótico, o que é a mesma coisa).

Orgânico no quase sentido gramsciano e não esforço refletido, acurado, metódico, algo inspirado, trabalhado, lavorado, intencional (como o é o poema superado, com vergonha de sê-lo).

O poeta nunca alcança o poema que seja a expressão direta do espírito dele (nele). Aquele que termina um poema e dispara: eis o que eu (ou o Eu) queria!: é tolo, ingênuo, pouco poético.

A significação finda e adequada à expressão querida, colimada, prescrita é algo completo, mas estagnada. Ou mesmo ordinário.

Move o verdadeiro poeta um infinito anseio de significação (por infinito jamais atingido). O mistério da expressão poética nele permanece (como mistério indecifrável).

A expressão viva, direta do seu espírito permanece como um alvo que o excita quanto mais se distância. O poema é sempre fragmentário integralmente.

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Murilo Gun

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