Não havia verdade.
O haver do verbo certeza faliu.
Não houve mais ontem, hoje
Não havia verdade.
O haver do verbo certeza faliu.
Não houve mais ontem, hoje
Válvulas suculentas do coração
de volúpia acrisolam-se
o veleiro das artérias aderna
A noite é meu evangelho, a pureza de que sou fruto vem dela, da intemporal noite vital, da mineral noite arcaica, rupestre e de suas carnes circulares,
O Torso de Deus é de água, luz e estros de mármore
de relva amanhecendo e canção.
Colinas são os joelhos de Deus.
Não vá a águas
moles como relógios de lã
não apeie surdinas
Que veio não cesse
para que siga
adiante a messe
Percorri o acaso
seus ângulos súbitos, práticos
e nômades cubos inabomináveis
Visitei as destilações da alma
dos alambiques do coração bebi
aridez e coivara, vi a lua arrulhar
De que é feito o esquecimento?
Que matéria escura ou átomo de desmemória
o contém?
Crepúsculo tigre metálico multifacetado
gato que lambe saguões e insaliva ratos
onça ligeira devora párocos