Nenhum dos meus sonhos morrerá
não sei em que sonolenta pátria vivem
nem sei que país sem vigília os acolheu
ou em que escura comarca austral ou escandinava se refugiaram
mas vivem melhor do que eu
meus fracassos é que morreram
não deixaram rastros sujos, fumaça, pesadelos
nem cinzas que cobrissem meus triunfos parcos
amarguras despi-as cruelmente
depois de vê-las nuas demoli-as em minúcias
tenho sombras necessárias a iluminar-me
caminhos esguios ou falazes
rações de medo para demorar-me
nos desfiladeiros ácidos da vida
e orvalho para a face seca
também os metálicos lamentos
que acompanham a alma de um homem
não tenho o oficio da certeza
nem trago em mim breviários da verdade
não tenho a mim nem a ninguém.
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