Poemas
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times

Onde se cruzam cinzas começa

o drama ingente da vida. Como o nada termina.

Se vives à imagem do verbo, és.

Algo, coisa, talvez gente. Ou

ingente quase.

Nada há, além das palavras que lês.

Nada houve além. Nada ouves do céu que é longe.

 

Verbo é ação

predicada ou não. Dixit Goethe.

Personagem do mundo.

E da verdade poética.

 

A verdade é a vida definitiva.

Irremovível. Dessescolorosada.

As (todas) expressões do outro

estão aqui. Certamente, não.

Ou sim. Sem talvezes. Ou...

Com quandos e ondes, sem porquês.

 

Agora, ouço aromas vermelhos. Vejo

gritos de pedra polindo-me

agora, distingo rumor lento

e grave e fundo, de cinza

ardendo ainda.

 

Se todo zero é infinito...

tudo me demove a demitir o leitor.

 

Pedaços de gritos ocos lascados da pedra

do tempo, cacos

de horas cardíacas, esmolas...

Adeus, alusões, adeus, lições. E ilações.

Adeus, circunstâncias humanas.

Adeus, adjacências.

E superfícies. Ímpares como a seda.

 

Não escave o frágil, enterre-o.

Sempre. Quando fortalecido.

Se o homem é irreprimível...

perecerá para sê-lo.

 

Aforístico ou não, o texto

segue pávido, cólume, insevero

tenso intenso

solidamente líquido

estreitamente amplo.

Cruamente expansivo, como o instinto.

{jcomments on}

 

Murilo Gun

Inscreva-se através do nosso serviço de assinatura de e-mail gratuito para receber notificações quando novas informações estiverem disponíveis.
 
Advertisement

REVISTAS E JORNAIS