Onde se cruzam cinzas começa
o drama ingente da vida. Como o nada termina.
Se vives à imagem do verbo, és.
Algo, coisa, talvez gente. Ou
ingente quase.
Nada há, além das palavras que lês.
Nada houve além. Nada ouves do céu que é longe.
Verbo é ação
predicada ou não. Dixit Goethe.
Personagem do mundo.
E da verdade poética.
A verdade é a vida definitiva.
Irremovível. Dessescolorosada.
As (todas) expressões do outro
estão aqui. Certamente, não.
Ou sim. Sem talvezes. Ou...
Com quandos e ondes, sem porquês.
Agora, ouço aromas vermelhos. Vejo
gritos de pedra polindo-me
agora, distingo rumor lento
e grave e fundo, de cinza
ardendo ainda.
Se todo zero é infinito...
tudo me demove a demitir o leitor.
Pedaços de gritos ocos lascados da pedra
do tempo, cacos
de horas cardíacas, esmolas...
Adeus, alusões, adeus, lições. E ilações.
Adeus, circunstâncias humanas.
Adeus, adjacências.
E superfícies. Ímpares como a seda.
Não escave o frágil, enterre-o.
Sempre. Quando fortalecido.
Se o homem é irreprimível...
perecerá para sê-lo.
Aforístico ou não, o texto
segue pávido, cólume, insevero
tenso intenso
solidamente líquido
estreitamente amplo.
Cruamente expansivo, como o instinto.
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