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Qua, Abr

Poemas
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Impenitências soam solidamente

como cubos de sonante mental mau...

penitentes suam.

Se a consciência é infeliz, azar...

mas o caos assim se satisfaz e bem. Se...

 

Se é tempo das impossibilidades formais

se soa agora o aqui estou eu, ou

um então se intromete, ou

resplandece um talvez comezinho

ou um quando desaba sobre o texto, é que

tudo não mais se copia (como vés

no que lés), nada imita outro

pois soou a hora e a vez

não de Augusto Matraga

mas da insubsistência

e mesmo da insubstância do estabelecido.

Só ou não sou mais, dispara

outra singular leitora, mas

não sou sim só, replica outra.

Soou não o início só

mas o fim dos inicios.

 

A subsistência formal logra.

E tornaria a inutilidade desses textos

pura, indevassável, imperfeita, rápida.

Como colher alface ou plantar cebola nos invernos.

Ou quiabos. De que se trata

qualquer romance, se não for

de nada... putrefato, putrefeito, por efeito.

Purefeito, protifeito, protiforme, intenso.

 

 

A solidez da forma é miragem

fragilidade infeliz, doença dos eus

pulha, derrisão, abuso cavo, falsa, pintura.

 

Aceitar uma forma, mesmo que

a preferida da leitora (tola

ou não, não hipócrita ou sim)

seria rejeitar outra qualquer

que fosse ser, seria crer

que a verdade só tem uma forma

ou face, que a verdade é um conceito

unívoco e geral, que

assuma a cor de uma crença única.

 

Mas... não se assumem, aceitam, crêem nos rostos da verdade.

 

Como soi ser a solidez das aves.

Os rostos da mesma verdade exponho.

 

O caso é que não está criado

o homem (e leitora) moderno

ainda, a criação é lenta

e falha. Como a justiça. De palha.

 

Como sexo à flor da pele da alma

é a prosa futura presente realizando-se

ainda neste canto incontinental

isolado e enorme em sua inação perfeita.

 

Soou mais uma hora agora

(após o tempo das pequenas) das

grandes carnificinas

oficiais infames

a hora das carnicerias sérias

soou ou... as carniças

tonaram a carne fraca, tomaram o puro

 

estão putrefatos mas não enterrados os absolutos.

Podres estão carne e alma, poderes podridos

corpo e espírito em uníssono

apodreceram absolutamente.

Eis o que vás ler tu ínclita

ou tola leitora, neste Isso não é

romance que começa (e termina ou não) aqui agora... quiça.

 

Água branca de poço seco.

Água húngara de cor escandinava.

Como as cacimbas do paraíso.

 

Periga a consciência do corpo.

O homem (primata pobre) está em

plena extinção atenta.

 

Como lua ao meio-dia, não mais

se distingue homem ou extinção azul.

 

Se fede a consciência egoísta

egóica, capciosa, nada pulcra

é que a putrefação humana

é interior e aberta... pois

a consciência é carnal...

então, é melhor desler...

 

Então, a perda da ilusão

se faz necessária

perda total, completa, igual, danosa

ou não dessa porca ilusão.

 

 

O abandono das ilusões todas

mesmo das últimas delas

das ilusões mesquinhas e intrahumanas

é urgente, patente, definitiva.

 

Mas resta algo vital, resta a desesperança.

Além dos rendimentos futuros

(da imprevidência socializada).

 

Juros crassos rendem

as aplicações do futuro.

 

Futuro aborto do romance

copioso, repentino, repetitivo

indolor, invasivo

logro sem dúvida ou sombra.

 

(Juros futuros que não virão a ser

ou à luz do ser que sai de cena

da cena brasileira, futuros

frustrados pela presente usura).

 

A podridão alcançou a veia renal.

Chegou ao coração verdadeiro do nada.

 

Sobre o velo da morte debruçou-se

Podre é a veia vital, pobre.

 

A vala é incomum, mas

o romance é um só, pois

advém da forma unívoca

inestabelecida, ungida, sancionada.

 

Compro e vendo escravos brancos

e hexâmetros puros.

Sem nota fiscal, moeda, arma, fuzil, adaga ou cimitarra.

Aplico máculas ao rosto dos domingos.

 

Preparando a fronteira do ilimitado

para depois de bem legível essa

construção, lindes definidas

apropriadas, bem restabelecidas e urgentes...

ultrapassá-las. Papel da exímia leitora.

{jcomments on}

Murilo Gun

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