Creio no nada que salva.
Ou na salvação do nada.
Ná laia e na parafernália
da lua metálica ou de metano mecânico como asas de anjo
creio nos olhos da lauda e no caos de lata.
Ou melhor, crês, hipoleitora fálica.
Se crês em mim... cruzes...
Poetas limitados (talvez não, sim)
houveram de interpretar o verbo
quando deveriam tê-lo sim
arrebentado, de dentro para fora
do interior para a borda.
Hás de transformar a palavra, não interpreta-la.
Urge a metamorfose verbal
em uivo de rato embarcado.
Sonho possível, gratuito, apto, não
é sonho, é pesadelo vigilante, dispara
leitora qualquer.
Como anjo em choupana, é esse
texto enraizado em irrazão.
Pulsando como falo impotente ou não.
Tédio ou nada, eis o dilema
que esse texto enfrenta.
Se o cume da existência é um poço
de fundo ciúme
se o branco rumor corrompe
até elefantes, se migalhas
se agarram a mandíbulas, se
ossos são só silenciosos, se
ousas, leitora inapta, ler-me
(ao romance inaparente), então...
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