Até quando, ninguém me quer?
Hasta quando me quererão.
Cacho triste e côncava sombra
do clarão ingênuo e duro do outro relâmpago
sobrou.
Ecos surdos do passado voltam
urde som líquido do futuro o tempo
como água espiralando-se
pelo ralo da vida
dos ombros das páginas secas, poema.
Só resta o silêncio da luz sobressalente.
Sob céu anônimo uivam
os lobos da têmpora
e os núcleos dos átomos se fissuram.
Evadindo-se de mim.
Ante a boca do feroz vazio
e faminto, desfilamos.
Metálico halo golpeia
catre de fúnebre chumbo.
Assim, conheci a canção
veio do som da solidão inteira
que vinha da boca do silêncio noturno
soluço e garganta da poesia.
De halo em halo de alumínio e pássaro
a luz pula como sal ou milho
e o fulgor golpeia invólucros.
Por que só três luzes em cósmica diáspora
se acumularam nas entranhas fabris do tempo
ou se esgueiraram cascavelmente
pelas bordas das engrenagens civis da vida?
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