Faço poemas porque acredito em Deus
sei que Ele é inacessível
como o rosto da minha poesia
e não tem face nenhuma
(quanto mais as sete de CDA)
que te ofereça (em bandeja ou terrina)
à esquerda ou à direita nos dois sentidos da vida.
Deus é complexo, difícil, infinito (demais).
Com Ele jamais te depararás
em nenhuma esquina inóspita do tempo
(ante ou pós túmulo, antes e depois do alento).
Em nenhum prado, pomar, jardim ou crepúsculo.
Só na orquídea ou papoula que borboleteia
em teus olhos ou no de algum beija-flor distraído.
O céu (que é católico)
é exclusivo Dele e de Jesus
conforme a Bíblia – Sua palavra.
Éden, céu, campoelíseo, sheol, hades
tudo te será negado absolutamente
desde que o original Adão
foi defenestrado do paraíso
(por induzir Eva a comor a maçã serpentuosa
que cairia no colo de Newton algum tempo depois).
Esse recinto (dourado e pleno de manás gratuitos
E manjares divos, pudins brancos, cândidos sumos)
vivo ou morto não haverás adentrá-lo
te será negado por serdes
demasiadamente humanos, e tristes. Está escrito.
(Que não fique nenhuma
palavra no limbo, que sobreviva poeta
que desembarque da estação do inferno).
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