Às minhas concupiscências todas, dedico.
É apropriado que faleçamos quando
despenca uma vertigem e a alma embote.
É útil concupiscência
Nunca. Sejas anticoncupiscente.
É repulsivo a atordoante, sobretudo.
A eternidade é de pedra.
Estado de angústia tem constituição
e leis que o sustente.
Sem desejo, não há movimento
nem poema.
Mas é prazeroso não desejar o imaginário.
Busco ao poema palavras
que corrompam o inefável
ou seduzam a noite da morte
ou revelem o ermo da alma
ou abriguem a carne
da loucura do espírito.
Ao coração, trêmulo punho
balanço surdo, bomba vermelha.
A Nicanor Parra
e seus antipoemas
que ainda brilhem-me
os silêncios e pausas.
À morte, essa velha rameira
desdentada. A mim.
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