24
Qua, Abr

Poemas
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times

Poesia está em não dizer

no arredor do silencio

na placidez do bismuto

no arrolar da imagem

na arruela da página

no arrulho da romã

e na mecânica do hemistíquio.

 

Na fluidez sincera da pausa

no colapso do medo verbal

na entranha da palavra

precipício ou purgatório

na beleza do mercúrio

está a poesia.

(não está na pressa que estrangula verso).

 

Na música que víbora

na harpa da trêmula alma

no torneio irresoluto do verbo

na lógica da sinfonia  sintagmática

está a poesia

 

 

e na veia do tempo

inocula histamina.

 

No expulsar do antídoto

que desexita corações

na desmedida grega

no sono da palavra liberdade

(que Éluard eternizou)

e na bagem  da vocabular cascável

a poesia feroz está

em vigília felina

na quina da hora verbal

na omoplata do silêncio cristalino

quando Atlas suspende o mundo

no peso cúbico do tédio

na virulência macia da náusea

nos músculos lassos da trade

e no violino dos olhos

está a poesia

 

nessa geografia de íncubos

nessa safra de obuses e atrizes

nesse horizonte de fortalezas invencíveis ou civis

está a poesia.

 

A poesia está no desencanto ou na desventura

(e na épura que beira o espírito).

{jcomments on}

Murilo Gun

Inscreva-se através do nosso serviço de assinatura de e-mail gratuito para receber notificações quando novas informações estiverem disponíveis.
 
Advertisement

REVISTAS E JORNAIS