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Qui, Abr

Poemas
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Ao meu filho MURILO GUN

Lembro o tato, a consistência áspera e úmida, torta

de estrelas coaguladas (feitio de teu olhar antigo)

grelha de abismo ou velhos marinheiros congelados

na épura dos mares setentrionais de águas geométricas

 

Espumas vicejam na paisagem marítima e vasta

que avisto da praia entrecortada de gaivotas azuis

enternecendo banhistas e pintores no areal viscoso

da liga de água marinha e areia orvalhada

 

Como pudim exato antes o sol que bane

sombras como o cão do meio dia morde demônios

acantonados no breu das almas impuras solenes

como a noite abole os gatos licenciosos da tarde

A vir ou ratos que navegam dos ralos

da manhã vazia para o pé dos calçadões

protetor e acalorado pela inefável luz do leste

atirada como cobra contra ventre de mamíferos

 

Esqueço o mar basto e trêmulo como pele de tigre

ou monte de urze ou sítio de cinza

emosaicado de ondas cujas formas, cores, cóleras

e labirintos traem fantasias de velhos marinheiros.

 

São Paulo, 1997

HOTEL JANDAIA

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Murilo Gun

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