às amigas do Facebook
Alguém tem meus cílios leprosos
alguém truncou minhas pálpebras velozes
dinamitou o futuro, destroçou cofres, desencatou caixas
desencaixou eixos, alguém, por favor.
Alguém desmaiou meu outono
desdourou meu suor, me fez muito não rir.
Alguém prateou meu cansaço
com ourivesarias falidas
e pérolas crápulas
com ouros tolos me varejou.
Alguém expressou seu decoro
sobre meu corpo vencido
longe do frio espírito
junto a uma tulha de pedras
leito da alma esquelética.
Alguém pintou meu outono
com cor de Tánato apenas
alguém demoliu meu nome
e ao pó o rosto entregou. Quem?
Alguém que roubou cálices
e paramentos estripou.
Alguém que fez fulgir o abandono
e o vômito voltar.
Nota ao poema
Alguém pespegou no rosto extremo
(e sincero) mas perplexo
e imovelmente vasto
rubis devassos, falsos marfins
grandes esmeraldas perversas
ardis sem nome, impuríssimas safiras
e cravos embriagados
(a odor de defunto me condenou o rosto).
02.04.2016
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