Ouça o sal, conheça-se
e saiba que a sombra é vil
a projetar vales no vão da vida
rente à solidão.
Ao esmo da palavra condene o poema.
Foi poeta que pintou o azul do céu.
Para boa compreensão do remorso
é bom que saia da zona de conforto do bem.
Conserte os desacertos do mundo
pois o fiat era mudo.
Alimente a sombra ôntica
com rações claras de treva icônica
pois ela sobreviverá a você.
O melhor será a reitora da falência da vida a agir.
Ponha pus no inventário do panarício
use puas não ataduras nuas.
O que há, hein?
Usinas cegas, quadrilhas soltas
subúrbios insalubres enjaulados na violência
veias imprestáveis
velocidades punidas
marginais sem cabresto
liberdade desabrida
e muitas casas de reaver
penhores estripados?
A felicidade relincha
A melancolia do crepúsculo
rompe a pele da alma.
A civilização brasileira
era apenas um sonho de Darcy
que virou pesadelo hoje
vinte anos depois que o querido
e utópico professor foi-se.
Ser fevereiro cansa.
porque obriga solidão a fazer sexo
com as mãos.
Ah, triste era de heróis vis.
À sedução dos biombos vermelhos
Entregue-se à melancolia.
Ela alimenta.
Gosto da relva do céu distinguia
e estrelas de musgo
fruto dos músculos de Deus.
Calidamente ela falou (ao criado-mudo atento)
das rosas tristes de pistilos enfermos
do suicídio das pétalas uma a uma
dos lírios com as gargantas cortadas
pelo selvagem jardineiro instituído e estático
e do sofrimento das lâmpadas
sob o caos da luz do mundo.
À morte dos doces do mundo todo
ela dedicou o primeiro poema.
Mas nunca abandonou sua mente sôfrega
a doença das estações, após o dom
da morte da primavera ontem.
E o verão que se escora na aridez
humana, o que será dele?
No inverno seguinte choremos muito
a recordar o féretro da primavera branco.
Luz da voz intoxica o verso.
Os prazeres dos pesares.
A sensibilidade real dos pêsames.
Se traduz o verso, não o poema.
O poema, não a magia das palavras.
Bênção d’água, cura líquida.
Represa de nervura e abóboras.
Batalhas deliquescendo
Guerras umbilicais.
Qual o sentido da fantasia?
O sentido da fantasia é azul.
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