Rima vomito em cada esquina do verso
nefelibato entre cirros e estratos
a cada nimbo abstrato lanço verso alísio
extremo topázios, esmeraldas devasso e ametista detrato
candelabros estrangulo, vozes de abelha esmago
à arca cheia de relâmpagos e decálogos
me dirijo com coração partido
quilhas do calendário conduzo a mar do tempo
nau de horas desfolhadas e aviltadas
pelos ventos da passagem coleciono
e recolho o lume da ampulheta entre abrolhos.
Supero promontórios e untuosos coágulos
por hiatos e istmos vago entre geometrias marítimas
gávea de meus olhos sempre em riste
tempestades e intestinos sob controle
me entronco emboscadas adentro
mas não me curvo a íris visionárias de lobos
urdo madrugada com greda e água
e não partilho infância das vísceras
códeas e gládios capto, palpo aranhas
e percevejos olho sob o sombreiro
sempre a cavar fossos enquanto rego
a ressurreição do sal nas acácias
enquanto ajo em benefício de anjos sujos.
Transpondo a morte, comungo a febre
cotonifícios sepulto e porto
na mão chama farmacêutica
dos olhos sumérios extraio tigres líquidos.
Detrato eupátridas, helenas liberto
desprezo convenções democráticas
pela alforria de uma rima do acaso
contra o futuro meu voto aponto
às tramoias dos instantes dedico pleito cavo
o meu mais preciso instinto dura um dia
a extintas estirpes ergo lápide de lágrima
a fanáticos ofereço as mais sinceras
terceiras intenções da paróquia
a tiro oferto culatras
mácula acumulo e como micula.
(Meu valium dorme
valei-me, poesia?)