03
Seg, Nov

destaques
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 Não são doces nem suaves

mas ásperos de amor e bondade

os castros olhos de Dulcineia

hispânicas tigelas de luz

os olhos da donzela Del Toboso

em que se recolhem e se demoram

gemas da paisagem e os cios de Quixote

ídolos que o sal manuseia

“e é neles que vou morar”

diz o senhor de La Mancha.

São os olhos de Dulcineia vasos

mais puros que sagrados onde durmo e guardo

sede de ver o mundo a cavalo

pelos caminhos de Espanha reinventados

passos espalhando por toda a infinita

voragem da eternidade.

São os olhos de Dulcineia prêmios

do peregrino espírito cavaleiro

de Triste Figura épico, lírico, inúmero.

São os olhos de Dulcineia além de doces

 

janelas abertas na alma eterna

jazidas de luz celeste e terrena

lugar e martírio dos desejos andantes

do viandante destemido e imortal.

São oceanos lascivos os olhos

da virgem Del Toboso

e nele bebo o púbis do mundo

por eles caminho como a luz no livro.

Ó dom e donzel

inocente e intrépido

indomável e livre

Cavaleiro de todas as Espanhas

de pés cravados nos prados da eternidade

quem és, indaga Dulcineia?

eu sou imagem, vertigem e carne!   

Murilo Gun

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