03
Seg, Nov

destaques
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Duendes não têm sono (e sentido)

nem navalhas nos olhos vândalos

ou lume na sonâmbula clavícula

têm dois dês e dois és, uma efígie antiga

e uma fábula noturna (de passos passados

no rastro do tempo emboscado no rio da veia)

incrustada no páramo dos dias perdidos

no couro das noites nuas de abril, magnos

ácidos que dissolvem mais sutis capítulos

da culpa redoma dos homens

(lançada do misterioso cartório de Deus).

            Olhos cônicos

            Acampados no chão volúvel

            vítrea luz do vitral

            (coalhado no esôfago do ego

            desmaiada sobre tarde dos homens)

 

Gozozo pó

céu cabal, sina canônica

alucinado muro que cobre

branco escombro

muda ruína dos objetos

atônitos e inúteis atos

não descobrem esse véu sem ventre.

Murilo Gun

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