No poema é possível erguer sólido e lento
edifício de nuvens (nuvens de lírios)
e empórios de ar, além de oceanos lascivos.
Poeta absoluto vive à sombra do id da palavra.
Estou a fazer cruel poema para abril.
É preciso trair o pensamento
e arrevessar ideias
além de desmobilizar técnica vencida.
Ou gramática cansada. Aposentar sintaxes
e deslumbradas metáforas.
Quando dizes água ou fogo, és. Para SJ .
É da certeza do lírio
e da imensidão doadora da seiva
e do divo lume do verbo
além do alento da luz da palavra
que vem renhida Poesia Absoluta. Para AG.
Morrer lutando não é lá grande coisa
melhor viver de paz na veia
e silêncio no rosto. Boca surda.
Não beber carbono.
Alfinete e mariposas: crueldade diurna.






