A vida, essa onda de espuma quântica
tocata e fuga, sinfonia escura e úmida
catre de albumina (esquizofrênica)
a vida, essa poeira cônica, onímoda
grandiosa, infinitésima, plural e estúpida
sopa espúria, acaso de gametas sem tino
esse abre-e-fecha-te sésamo
átomo anímico, antro do espírito
a vida, esse falso alento químico, sapo ético e lábio
proteica trama, hausto carnívoro
essa renda de DNA e lenda
a vida, essa hábil teia que o esmo torce
o acaso cria com seivas cavas, tece o tempo
e a cruenta morte desata de súbito
com acicates triunfantes (e confusos sinais)
num trânsito pontual e ininterrupto
a vida, essa promíscua sopa
de fermentos dúbios essenciais nuas impuras
a vida, essa conjunção de alma e víbora
essa tropa de manás lascivos
e verdades duras
a vida, essa cria de moneras
a dependência de moedas.






