Ante ira equilátera de Aquiles
Ilíada fortaleza ajoelhada
aos irados velozes pés de Aquiles
de olhos endiabrados
cavalos de Ulisses abrindo
abortado útero de Tróia
fogo grego avança
sobre vísceras e crânios troianos
delirante Cassandra reverberando
tendas do porvir em chamas, sua voz louca
revolvendo
como ancinhos proféticos afiados
as cinzas do futuro
qual graveto ao surdo vento atiçando o devir.
campeia no recinto das horas que cambaleiam
martelos de fogo irradiam dos olhos de Tífon
atiçados por fragmentos de luz
que Zeus despeja tirando da aljava
raios que atira contra a noite
ao titã de cinza repugna luz
e o imenso Tífon estrangula estrelas.
Sua foice decepa tendões da manhã
(e tangencia a dor dos homens)
que ninfa e atra dragoa guarda
até que Pã e o pânico ensandecem-na
após revolver o intestino das montanhas
que reunidos titãs lançaram ao fumo
Zeus a Tífon penetra
soterrando o Etna para sempre
na indomável Sicília, ilha divina
até hoje Etna exala sua fúria
incêndios evolam, lavas lavam lábios
do impotente Tífon furiosos e secreto
agora, que fulgor inúmero das muralhas
inefáveis do Olimpo clareia a página, moro no
poema.






