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Qua, Abr

Sobre Poesia Absoluta
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JORRO DO DIA (DIGO, DO ID) OU TEXTICULOS DO IMPOTENTE ACASO (DIGO, OCASO).

Inibida, logo cedo, a enzima depeptidil peptidase – 4 que inativa de pronto hormônios incretinas, flue poucamente, porém sempre instiga a salvífica insulina do secretor pâncreas vital... e devidamente trayentado começo o poema. Bem linagliptinado, garatujo o poema (os versos) no verso branco da longa bula (nove palmos quadrados = a mais de 4 A-4).

Não há dúvida de que o poeta absoluto é um sublime histérico verbal. Uma histeria absoluta. Que inflige à língua comum torções inconcebíveis – e distorções sintáticas maiores imponderáveis, além de vocabularizações inusitadas.

É tamanha a torção a que é submetida a pobre linguagem que faísca e fumaça o papal. São palavras particulares inseridas em sintagmas improváveis permanentemente.

A cada parto – ou operação maiêutica -, a cada aparição delirante de palavras enraizando-se no branco brusco da lauda, começa a se desenhar visões humanas do mundo. São as entranhas do ser expostas no fêmur da página ou da alma.

Como cogumelos do inverno temperado, explodem neologismos imprevisíveis em sua indecência linguística absoluta. Há uma agricultura poética. Gnóstica, talvez.

O destemido delírio verbal do poeta absoluto cansa alguns muitos leitores elementares (caro Dr. Watson), pois esse excesso de desvario lírico (termo bem apropriado) é capaz de injetar energias velozes e ânimos pantanosos em quem se deleite ou se enlameie no enxame de palavras que é o poema em busca do mel verbal. Esse êxtase só concerne a poucas pessoas que desencantaram esse mundo sublime selvagem da poesia absoluta.

A busca do aprendizado do poema absoluto requer – como diria Murilo Gun – uma profunda e completa DESAPRENDIZAGEM da poética passada. Agora a limpo.

Ir rente – e além – do abismo é. E encarar a inconcebível geração e corrupção das palavras, no labor incansável e gratuito da decifração inclemente.

A poética é qual uma emanação de palavras de indistinguíveis sentidos ásperos, embora prósperos, pois sabem à alma e ao espírito consultam.

Pontos, linhas, e planos de tempo (ou volume de horas perpétuas) demarcam instantes verbais insones ou eternos.

Tal como Platão delirando ante o farmacêutico Derrida que o remedia inutilmente prescrevendo projeções e cinza douradas de sombras em fórmulas atômicas perfeitas, embora barbitúricas, porém necessárias a tempo tão doente.

A esotericidade do vocabulário poético absoluto é perfeito.

Quando cifro libidinosamente ousado uma palavra num poema já prevejo a tortura do meu leitor coitado.

Creio que leitor atordoado, possuído do estupor poético absoluto, em pleno estado de sideração, conforme preconizou o mestre absoluto crítico Prof. Sébastien Joachim, é o ideal de todo poeta prezado.

Entre abismo de silêncio e ecos de verdade navega o leitor ao encontro impetuoso do poema, que é o mistério da palavra.

O vórtice de caótica enumeração de Só ás paredes confesso é real.

O poema cifra para que não se perceba o mundo aparentemente como é.

Cada série, cifra, montagem, arranjo agrupamento, chusma de metáfora, brilho de símile, nesga de sentido, que o poema absoluto amontoa na página soam como almas inseridas nas coisas humanas ou não.

Pergunte a um poeta absoluto quanto éons tem um pleroma, que ele não sabe. No entanto leitor absoluto atento entende a ogdoaidade ou a diadedade da situação gnóstica que é o poema. O verbo na veia escrita. (Do oito ao dois, do octeto ao dístico).

O poema como emissão de sêmen do falo verbal indo ao útero da página enlaçar o óvulo poético. Eis.

Do uno ao múltiplo sentido, a trajetória do poema na alma perversa da página.

À perda do devir, oponho a perpetuidade do múltiplo sentido poético. TD

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Murilo Gun

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