A riqueza, que o poeta Admmauro Gommes carrega, consiste no tesouro de palavra que ele refina com acuidade , com apuro constrói, amealha, verso a verso, a cada momento em que seu espírito veleja pelos espaços da criação literária. Também, para ele, a poesia é o mistério a que o artista da palavra se devota e que a ele se entrega.
A poética de Admmauro Gommes é um empório fulgurante de palavras arranjadas em música e signo, que a forma poema comporta; é um armazém de sentidos, um paiol de imagens, uma mina de significados, conformando objetos de palavras. E esse ouro verbal, depois de toda essa ganga discursiva escoimada, purificado de toda a mácula retórica, virgem dos costumeiros e volumosos quisdizeres e desautomatizado de qualquer matiz de emoção recolhida no azáfama da vida banal, diadiária ou apanhada no átrio romântico do coração; esse ouro ímpar (de alto teor poético, cujo brilho ilumina a página), do seu imo ou acme reluz o silo de palavras escavado e/ou alocado em jazidas azuis de messes verbais.
Para Admmauro Gommes não vale escolher as palavras do repertório da língua, escoimá-las dos detritos da vulgarização, combiná-las harmoniosa e astutamente, se não for para formar um todo, obter como resultado o sentimento da totalidade.
Muitos que tentam a poesia (e que ela tenta), ao final, atingem só a parte (um cateto de imagem, um ângulo de todo, uma face dada, um aspecto apenas), e o poema fica eivado dessa deficiência vital.
A leitura atenta da veia poética demonstra como o mestre é destro com as palavras, vigoroso na expressão lírica pura. Implacável, impecável no poema breve, mas veloz, inteiro e seguro, com sói de ser o melhor poema.
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