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Dom, Jun

destaques
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O poeta é um homem comum

operário fatigado do verbo

cidadão bem ou mal remunerado

patriota ou (e) apátrida

mísero mártir da imaginação, perdulário

porque muito abstrato, pendurado sempre

no crediário da palavra. Abominável menino.

 

Todo poeta tem ilusões de aço.

E crê em certo futuro incerto.

 

 Sempre no rumo ermo acredita

no futuro das incertezas.

 

Poeta é um seguidor do futuro livre.

(De escolas do passado. E abrolhos presentes.

 

Que pensa em escrever amanhã

o Livro do ânus gradual.

 

Incêndios algébricos de cavalos, torreões, bispados.

Fogo ageométrico que irrompe puramente

dos cômodos losangos, lambe catetos

propaga-se das hipotenusas cinzas dos vértices.

Lumes equiláteros, línguas febris de víboras extáticas.

Tetraedros se alastrando até a total e justa

cremação dos ângulos agudos.

Até a incineração cúbica das hipóteses.

Até o grau de gusa dos teoremas eternos. ( à Pasoline)

 

Clamor escuro se esgueira

feito fogueira

desde os esôfagos da palavra até

(ou da palavra depois)

os invernos da alma.

 

 

 

Murilo Gun

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