A burocracia cria prole numerosa
e inconsequente, fetos sem futuro.
De mora vive e de retóricos
ritos segue birôs a fora
seu périplo imenso de papel ofício
(e timbre suspeito).
Abomina facilidades
fecunda filas
idolatra atrasos
vomita escaninhos
a burocracia.
Constroi trâmites sem fim
poderosos labirintos de rotina constroi
onde a razão é branca geena
dos minotauros de tinta.
Transita com sua caligrafia duvidosa
por atos processuais e rubricas
burocracia invencível
a promulgar indecisões a todo custo
a semear lamúrias e demoras
em atos feridos por ínvios despachos
das encruzilhadas dos palácios.
No túmulo de Platão
em local inóspito do jardim de Academus
nem águia ou corvo pousou.
Tumba de Verlaine, visita-a rouxinol.
Débil paloma, dixit Antípater
pousa no mausoléu dos covardes.
Da tumba dos banqueiros
florescem rosas já pagas
(e juros de pecados).
E dos pobres sepulcros onde
esquecidos esqueletos se pulverizam
velozmente
flor de lis paira e enlanguesce.