Apenas, como fenômeno estético
a existência e o mundo se justificam.
Nietzsche
Uma vida em busca da brasa que
dissolva o escuro da alma.
E incendeie o ser.
Que em poesia seja permitida toda ousadia.
Toda agressão à gramática, que se faça o novo sempre
(make News). E toda transgressão literária possível.
Aberto mar o da palavra
que água revolta lava.
Na consciência da verdade o homem só reconhece o horror ou o absurdo do ser.
Nietzsche
A realidade diária do Brasil é o horror cúbico, pleno, cínico.
O horror brasileiro é a realidade cotidiana (e a verdade das ruas).
Amarra-se Ulisses e bem a seus confortos e sais, à paz do convés longe do mar revolto, à segurança do mastro (que o conduz), aos cordames da vida fácil. O covarde do Odisseu busca a paz da canção sereia, o silêncio do mar sereno, o êxtase da audição, sem exposição a desafios reais. Não é nada exemplar, então.
Nietzsche encorajava pessoas a se libertarem da necessidade de salvação.
O horror é aconchegante.
Heráclito, sublime e obscuro, compara Deus com uma criança, a brincar com a construção do mundo, pedra pra lá, pedra pra cá, e o que falta excede e o excesso falta, até que se cansa, e deixa a coisa como está a degringolar. É, ao desmoronamento da areia do muro/mundo da criança-Deus do efesiano, a que assistimos hoje, agora aqui: Fiat Lux e Panta Rhei, disse Deus.
E a orgia musical liberta a carne do espírito. É a música bacônica que vem do precipício da dor e da avalanche do desejo para nos enterrar no amor.
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