O ato de comprar é universal, metafísico, direto.
O ato de produção é ontológico.
Vende-se antimorte garantido
com seguro de vida póstuma.
Compram-se prato de lentilha
grão de mostarda, 30 moedas.
A universidade é anêmica, autista, pífia
endogâmica, reprovável e intestina (perfeita).
Modas o imperialismo homologa.
Vende-se futuro em hipermercados prévios.
Cultura é fugaz e dispensável.
Internet é democracia.
O marketing é a poética do nosso tempo.
O cânone vital da literatura brasileira é da VEJA.
(Best sellers à beça).
A pós-modernidade é companheira de viagem do mercado.
Instados a sofás assistimos às circunstâncias.
e o desfile de promoção das telinhas e telões.
Wall street derruba os muros da democracia.
As cotações envenenam o fim.
Mercado é autônomo. Independente de humores.
Literatura: passageira da agonia muda.
Pratique a arte de pisar em ovos
e votar em Aécio para perder.
A profundidade horizontal da triste
literatura pernambucana d’hoje faz nojo.
Personagens idiotas, vida exterior (e se
interior, interior da pele), memória pasteurizada.
Poema ensimesmado de ensimesmiçes
o futuro como nostalgia passada
o sexo como minúcia (o jogo circunstancial)
a misoginia em alta.
Conforme presidente de novo Partido da Mulher
este vem para defender o direito da mulher
brasileira dar prazer ao homem, alegrando
e limpando o motor para usupar o vício
ceifar o estresse e revigorar o macho.
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