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Dom, Jun

destaques
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 Aprendi a passar fome pela poesia.

Sede, jamais. Viva a Vodka

finlandesa, ébria como a poesia.

 

Lassos silêncios me decupam

e apunhalam o olvido.

 

Olha-me, grande lousa, os olhos

ainda vivos, e me reconhecerás

no absurdo cego da morte

entre boninas.

 

Haste e névoa, fome e voo

canto e sal, silêncio de missal

lábio sonegado, ósculo de flúor

beijo noturno abnegado

como míssil envenenado.

 

Rosas enflorando pássaros

úteros de maçãs

macias como o amanhecer.

  

Ao cárcer inconsciente.

 

À espessura do hieróglifo

dedico toda uma hermenêutica

e circular exegese prima.

 

A ermo ventre e terreno vou.

 

A meus brilhos náufragos.

 

A estribilhos sujos.

 

Ir ao divo ermo do id de volta.

 

Ao imaginário puro me dedico.

 

Arpejos de haras ocas

de frautas cínicas

de fêmures e lírios

escravizados.

 

Rosas chilreiam.

 

Aves florescem.

 

Néctar do voo alegre.

 

Febre de ser.

 

Processo do inconsciente.

 

Sumos divos.

 

Mártir e cárcer.

 

Geografias da paciência.

 

Extremos de tigres

 

Avaro rosário.

 

Amaro instante de não ser.

 

Tintas apagadas como o sopro.

 

Descarnar impróprio

do poema na palavra.

 

Do âmbito do Gólgata.

 

Poema desautomático autônomo.

 

Túneis cruzando com enigmas

breves vertigens, belas esfinges.

O silêncio do verbo em riste.

Todo o imaginário do desejo.

Toda a irmandade do verbo

a apregoar anjo na página

alma em lauda

a máscara da morte pulsa

amoras possuídas do travo de ser

manhãs abdominais abomino

cicatriz de margaridas

magnólias abruptas

portos abortando

Sócrates pedófilo.

Aristóteles adútero.

Fresco Parmênides

Heráclito macho.

 

Murilo Gun

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