Do pasto celeste vivem Deus e as estrelas
e da colheita de porcelana da alma os santos
(como D. Hélder Câmara e Dom Vital,
Maria Gonçalves de Oliveira, o santo, ao lado
da Senhora de Fátima, protetora de minha
mãe – Deográcia Cavalcanti Corrêa de Araújo)
e da gestão terreno e fraudulenta nossa a miséria vive.
É que por mais que forcemos no culto interrupto
e bom servil a Deus sujeito à lavagem de devoção.
Ladainha, louvaminhas e beija mais, nada acontece
de alvissareiro (a não ser chuva de dízimo
em época de seca, pecúlio da aridez da alma).
Acaso, um dia, Deus facultou porta aberta
para um ameno caminhar gratuito?
Flores, meis, frutos, terra graças, luz propícia
apacável colóquio, austero inverno, ele desejou?
Destino algum pontou, um tempo bom descortinou?
Nem aos mais gozosos poetas e damas piedosas
possibilitou a alegria sem condições a ou ao éter
permitia banhar-se o espírito.
Aos borbotões secos (e alma escura) condenou fontes
dia e noite o árido ladra
mês e mês o sulco cessa
bendições somem, brisas morrem
a erva arruinada chora, a cinza esplende
o trigo esparso e jardins envenenados
as penhas cansadas, colinas calvas , profecias surdas
embriagadas época de luz e afã faltam-nos.
O peso das dores sucumbe ante as desgraças maiores.
Sórdido sal, mescla de culpa, mácula e solúpia.
Declínio dos limites, rios apagando-se
nada que não seja sagrado não estranhas.
Tudo é inválido, até a vida.
Se sacrificando à sombra é que luz é finda.