Silêncios escuros onde
sol de escaravelhos se esgueira
e descobre incêndios de grito
no calendário do intimo
e relâmpagos de rancor acorda
e cisternas de dor abeira
do fundo líquido da memória abre o sal
capta obscuridades da água
flautas de sombras azeviche afronta
sal sem ventre
estagnada seiva
esgotada fontes onde
derviches insistem
levam visões, cegas fagulhas recolhem velhas tirésias
e acalentam do silêncio deserto
esporos de estrela da mortalha do firmamento
mudas de constelações opera.
Quando noite se esgota
do dia ergue-se nupcial lâmpada
e de sarjetas tímidas erguidas
de rouxinóis azuis
vem o dia
manhã brota impetuosa e frágil
de dedo rosa.