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Sáb, Maio

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            Pela primeira vez numa vida, eu (ou um poeta poeta) vai (vou) confessar, Expor, abrir à horda ignara, a intelectualoides e leitores vãos, aos especializadíssimos e anacrônicos (na mesma medida) sonetistas tristes, o meu segredo vital.

            Primeiro, me inspiro profundamente (quase não expiro), me alento de lonjura transcendental, quase etéreo, pairando como pássaro ébrio (ou barco bêbado adernando), de olhos fechados para banalidades, reúno ideias, sensações, adjetivos precisos e substantivos impróprios (para ser menos pessoal), palavras, em suma, e... rasgo tudo da mente passando a escrever como um possesso acompanhado apenas da solidão e... nu bebericando algum vinho noturno, no velho Castelo (do Magano) em Garanhuns. (Parto do princípio de que a realidade está morta ou viva a irracionalidade, e assim coopto-me só do cu sabendo que vivo). No fim do tempo estou. A loucura da palavra é meu alimento. O flutuar da borboleta do verbo me alenta.

            Alento o barro do verbo. Como detesto aparência (por isso sou desvaidoso doidamente e cínico), por contaminação, também referência (do aparente) então abandono significado (desprezável ou não), detrato simulacro, avesso à palavra crua ou não, e sigo página da alma adiante até poema (dessentimental inteiro).  

Murilo Gun

 
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