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Sáb, Jun

destaques
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Frieza a rigor, exige poesia. Secura e implosão.

Concisão e efusão descomedidas.

A metamorfose do poema ocorre

na forma, na aparência, no ritmo.

 

Lacônica palavra, a poesia. Quase silêncio

intacto como abismo.

 

A existência é frágil como Deus.

E esconde a face.

 

Poesia objetiva esclarecimento espiritual

Propiciar encontro com a existência real.

 

Projete seus instantes. Não morra antes de ser.

 

Para ser o preço da consciência

que abrigue o fluxo de inconsciência.

 

O poeta é um contraprofeta.

Por excelência, um vazio vital.

 

Abaixo todo simulacro de existência.

 

Vertigem vital à poesia

voragem: instrumental e idílica.

 

A hora azada do pão mais ázimo

da palavra: poesia absoluta.

 

A lucidez absoluta é incompatível com a respiração

dixit fuziladoramente Cioran.

Daí, poeta absoluto não suar.

E o sopro ser de barro. E cru como o início do verbo.

 

De bênção malsã, de corpo sem alma.

 

Falo culto à usura, fê-lo o bom pagão.

 

Poema capaz de suportar

a percepção de coisas essenciais.

 

À quintessência do automático.

Só Deus e eu existimos: solipsismo a dois.

 

Leitores são meus sonhos.

 

Âncora do furioso na desesperança

ânsia de ser outro, poema.

 

Ânsia de desespero, furiosa esperança.

 

Lembro do tempo do inesperado desespero

do cio íntimo e nu, da sede da dor

no agônico cume do nada postada.

 

E da hora em que imprecava Deus.

No furor de ser.

 

O arrebatamento da palavra leva à loucura.

 

Demiurgo o abismo do verbo.

 

O fogo místico é vazio e íntimo.

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Murilo Gun

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