“As sequências linguísticas são rebeldes”.
Esquecem “os poetas de salão” moderno que a linguagem é a mais artificial e, por isso mesmo, a mais humana de todas as criações do homem. E a mais divina.
“As sequências linguísticas são rebeldes”.
Esquecem “os poetas de salão” moderno que a linguagem é a mais artificial e, por isso mesmo, a mais humana de todas as criações do homem. E a mais divina.
Vital Corrêa de Araújo
Serventia de estátua: wc de pombos e abrigo de lodo iodado, construído úmido. Além de parecer pouco com o estatuído.
(Ao pó em que se tornou o alento)
Lançado como data de ferro sobre o nome
(lauda de pedra anônima, lápide derrotada
Narciso beira o êxtase
da desesperada fonte que o reflete
e irrefletido vai a volúpia de si
o reflexo da beleza hipnotiza e afoga
VCA
O tempo é o melhor crítico, sim.
Mas poeta
por não ser fatigado hipócrita
Ornatos bélicos
adereços de sangue
coalhado de olhos de estrelas
Como Uivo de ágata
horda de pedra ecoa das ocas casa da tarde
acordam perfumes graves plenos clarins de baunilha
flautas de agudas madressilvas altos pássaros incitam
VCA
Borges e a aniquilação dos ídolos.
E o idioma infinito da areia.
Borges e a álgebra iconoclasta dos jardins
A luz da solidão é solida
(não há solidão escura).
É o facho do sol tear da sombra
Dúvidas são ruas e rasgam o rosto do dia.
Dádivas são fontes do verbo, leitos da lua vazia
mananciais sem nome, seivas vãs, licores tristes.