a Edgard, à tarde, aos bares
Ébrios amam bares sede
neles imortal derramam
sob atônita emanação de hinos atonais
ao grito dos hidratos de carbonos e etanóis
a Edgard, à tarde, aos bares
Ébrios amam bares sede
neles imortal derramam
sob atônita emanação de hinos atonais
ao grito dos hidratos de carbonos e etanóis
Se a morte for bela mulher jovem porque eterna
fêmea negra e poderosa
de ancas escuras e atentas agudas
se nos olhos mortais trouxer trevas azuis
VCA burla o tempo astuto Ulisses.
E ríspido tenta
consegue até extrair todo
todo o sabor do texto
Eis que é chegada a hora
de executar rosas
trucidar flores.
Matá-las é o momento
maior da glória humana
gasta em genocídios
por balas, credos, fomes, gostos
bestas, coros, letras, dardos de orgasmo impostos.
O rosto já não resiste
à hora que o sulca como trator.
O pranto já não umidifica
a seiva já não serve
Em VCA, a poesia não participante (aparentemente ou não) do mundo, mas votada ao próprio umbigo literário, que vai às profundezas da imaginação e delas retira a essência da palavra, não do mundo; que manipula significantes, desprezando (ou marginalizando) significados, é a que se impõe. E esta é real e linguisticamente poesia. Porque poesia lida com palavras e não com ideias (políticas, sociais, sociológicas, filosóficas...)
As cinzas de DIdo
são cinzas de rosas
são cegas cinzas as cinzas de Dido
são cinzas das sombras de Deus.
Precipícios melancólicos
abismos submersos no lírio do verbo
autoconscienteodor danoso canino
sintagmasinfeccionados por sais herméticos
O estreito (e impune) espaço tumular
leito sem fôlego do escuro caixão (onde nada adianta
remexer ou protestar)
é tua eternidade
Dido é aurora feita de fumo e dor
é ardência de treva, injustiça de longe
impuro fruto do amor (sem pena).