Só a anjos, não a poetas os fervores
do mundo se concedem.
A cada ângulo de nada um canto desata.
Só a anjos, não a poetas os fervores
do mundo se concedem.
A cada ângulo de nada um canto desata.
Por que a dor se estende.
E o Pai dos homens Seus olhos ubíquos não nos alcançam?
Quando o coro celeste rugirá
Toda a sequidão do ser serve (a quem?).
O árido é furioso. Funesta face seca.
A crueza da luz não impede a sombra.
Os filhos gozosos do céu sumiram.
Escritura solitária e viva pratico.
Votos de solidão rendem poemas altos.
A tendência do fragmento me salva.
Maravilhoso é o fervor do verbo
na carne da página, o ósculo da palavra
no corpo da alma
o verbário demiurgo lendo o id
O etéreo (e seu empório distante)
não se digna de inclinar-se a nós.
Pobres humanos, criaturas da penúria.
Exercício de imaginaria ou engenho dos ids vitais.
Pressupostos de poema:
A poesia absoluta é um porto de chegada
Perguntava Holderlin (esse deus verbal)
por que os sagrados teatros guardam silêncio
por que o rumor das armas morreu
Toda alvorada é ébria.
Toda nação circunflexa.
Todo laurel escuro.
Todo lençol lascivo.
Os sentidos habituais varrer da página. Podar a alma da palavra com lírica tesoura. Sentidos semiextintos e obscuros (e obscenos) reativados.
Os sentidos laterais (e os marginais) revivê-los.