O galope da pálpebra e um silêncio úmido
percorrendo o teto das casas do sono
cisnes perambulando na brancura
O galope da pálpebra e um silêncio úmido
percorrendo o teto das casas do sono
cisnes perambulando na brancura
A baixa qualidade da literatura brasileira, ao longo do século XXI, é inquietante. Mais ainda, porque todos estão quietos. Consolados? Como, por quê? Não há nenhum nome, na área da poesia, do romance – e mesmo do ensaio, que detenha um âmbito um pouco maior que o regional ou mesmo estadual.
A ébrio arroz
à luz conta
úmidas mágoas
Tardes encomiásticas, canônicas
em que o crepúsculo torce
pescoços de begônia
Lealdade ao relevante em VCA ilumina não só o leitor mas sua sombra também. É o fato de arte (a expressão em si), (não o ato pessoal de um poeta, o que importa).
Pudor de rosa roubaste
quando na ébria tarde exibiste
rubor devasso e riste
Facheiros alçam-se áridos
(antes dos arrebóis)
silenciosos candelabros
espaduados menorás, vergeis rezando
No ápice, o menor significado, a menor compreensão... e por efeito a menor extensão poética (plurissignificado, polissemia, obra aberta).
para entender a poesia é preciso
que o leitor não ignore as constelações
nem os estigmas que crepitam
na página branca
Pássaros de setembro esgotados
extintas luas de orvalho
dilacerados lírios
despedaçada náusea