Pulo e aligeiro a dor
com estames feridos
e lembranças de sangue opacas
POESIABSOLUTA
Blog de Poesias e Prosas e outra coisas de Vital Corrêa de Araújo
Pulo e aligeiro a dor
com estames feridos
e lembranças de sangue opacas
Ângulos noturnos escavo
do barro dos fragmentos
com esquadros de tempestades
De pedra e espuma a vida.
De efêmeras e macias volúpias o ser.
De clamor em ruína
Entre a manada urbana de autos
e o rebanho de cólera metropolitana
diviso sinal transitório
Todo sentido se perde e regressa ao nada
o edifício de palavras que bálsamo
da rima amacia e confina
Há melindres, no codiário do acaso?
Há madames bêbadas de absintos e sábados
há comendas de dilúvios e tâmaras bastardas brotando
A hora da nossa morte sem amém.
Marias desgraçadas
misóginos em vitória e tesos.
Do rosto infatigável dos sábados
quando chega a febre do corpo que almejo
quando peso aziago e inapelável
Gólgota, lenho da dor, gerou a cruz
cujo destino era o Calvário ou o Amor?
Eis a última pedra, o sopro ósseo
Em cada raia tigre pulsava.
A cada pele a alma mudava.
Rugas e dobras se disputavam.