Uma virgem maculada
(como tantas brasileiras).
Flores estilhaçadas por granadas verdes
POESIABSOLUTA
Blog de Poesias e Prosas e outra coisas de Vital Corrêa de Araújo
Uma virgem maculada
(como tantas brasileiras).
Flores estilhaçadas por granadas verdes
O poema é e não é.
Os cavalos trotam pelas ruas (veia páramo).
Os cabelos trotam pelas cabeças (calva hara).
Onde se cruzam cinzas começa
o drama ingente da vida. Como o nada termina.
Se vives à imagem do verbo, és.
De que sopro, de que FIAT Deus faz-se?
De fragmentos do fogo roubado veio o homem.
Cavalos frios atropelam o inverno.
Tua pele arte, teus ângulos de carne
curvas ósseas, estruturas ávidas lascivas, linhas
retas, rotas, certas, espertas
Não me entendam, por favor.
Se não me entedio.
Meus poemas não são pour épater... e nada mais.
Creio no papiro e no escuro (sou poeta)
fluxo de lágrima movediça do pranto
lírico (e irremediável) não aceito.
Mãos sepultas como portos
entre mares de porcas pérolas
ânsias afagando-se
O semblante líquido ou não resta.
num retrato esquecido na distância
teu rosto antigo está espalhado na sala
Pelo Orco abisso se esgueiram
sombras e sombras de sombras
as pobres sombras dos homens.