Até o dia do juízo final fui

caminhei a ele... e o encontrei

(ao juízo em ato), finalmente

Nichos de górgonas azuis lua esquadrinha

crateras enlodadas ainda lábio escaninha

apetrechos de lustres civis prosperam

Palavras foram feitas para ocultarem

não para revelarem um pouco o nu das coisas.

Do inferno correm rios sólidos

A um anjo de barro peço areia guarida

a largo inferno caminho de casa

à forma do pão desvarios de trigo

Céu aquoso exército

do acaso cria

com estanho da tarde

Lavra céu relâmpago e fragor grassa

trêmulo infinito arde eternamente

luz do rumor assalta boca da alma

O inflexível (e divo) Platão, republicano doente, fanático da lei

e vertiginoso arauto da realidade política

ático príncipe das leis éticas e rígidas (e áticas)

O objetivo da vida é a morte

Somos ser para o podre

(ou para o poder da larva)

Poemas são palavras espetadas na cerâmica do céu.

Palavras desesperadas por um sentido ou

luz macia (como doces para bocas)