A hora da nossa morte sem amém.
Marias desgraçadas
misóginos em vitória e tesos.
A hora da nossa morte sem amém.
Marias desgraçadas
misóginos em vitória e tesos.
Em cada raia tigre pulsava.
A cada pele a alma mudava.
Rugas e dobras se disputavam.
Tua pele arte, teus ângulos de carne
curvas ósseas, estruturas ávidas lascivas, linhas
retas, rotas, certas, espertas
Não me entendam, por favor.
Se não me entedio.
Meus poemas não são pour épater... e nada mais.
Uma virgem maculada
(como tantas brasileiras).
Flores estilhaçadas por granadas verdes
Mãos sepultas como portos
entre mares de porcas pérolas
ânsias afagando-se
O semblante líquido ou não resta.
num retrato esquecido na distância
teu rosto antigo está espalhado na sala
O poema é e não é.
Os cavalos trotam pelas ruas (veia páramo).
Os cabelos trotam pelas cabeças (calva hara).
Onde se cruzam cinzas começa
o drama ingente da vida. Como o nada termina.
Se vives à imagem do verbo, és.
Creio no papiro e no escuro (sou poeta)
fluxo de lágrima movediça do pranto
lírico (e irremediável) não aceito.