(ATÉ CONTRAPROVA EM FAVOR)
Há no rio memórias já lavadas
de impurezas cruas e demoradas
há sobre a água lumes líquidos e lendárias
(ATÉ CONTRAPROVA EM FAVOR)
Há no rio memórias já lavadas
de impurezas cruas e demoradas
há sobre a água lumes líquidos e lendárias
(fragmental)
Ósculo de sol nas corolas (e garoas)
rendas de luz nos estames e compêndios
Quando Narciso olha
seu olhar, nele, vê-se
a si mesmo e a outro
no insucessivo tempo.
O verso dentro do fruto
o verso dentro da tarde
a chuva dentro da sede
a seda dentro da carne.
Alba negra perambula na calçada
e deixa rastros de arado no espírito.
Dos jardins de vivas náuseas viceja
e crava nos rostos retardatários
Com teus grandes olhos abertos
colhes o sol, extrais luz do avaro
e inauguras o pleno (magnésio válido)
À luz rápida das hélices
diviso a palavra pousando no poema
e ouço nítido como o inferno cônico
seus gritos helicoidais
Sírius, o cão de Órion
acena do casulo das estrelas
para o bosque noturno
onde a luz é árida, terráquea.
Mulher alta de cílios loquazes
(com pilão da cintura e delta no seio
ou seios silentes, quem sabe?)
O branco reflexo na água
do céu tardio (e vagaroso como uma lesma)
a luz da água pingando dos olhos (gotas de íris)