
VITAL CORRÊA E O SIGNIFICADO NA POESIA

Sou leitor de Jorge Guillén, desde 1980.
Seu livro Cântico (uma das dezenas de reedições) li numa noite – e reli, reli-o dez, vinte vezes.
Aqui, por sua vez irei me arriscar estabelecer relacionalidade entre o termo cunhado por Vital Corrêa “Ultrafuro”, à expressão “Ultrafuturalismo”, usado por Friedrich Nietzsche quando profeticamente saudou a Europa em fins do século XIX, predizendo para a humanidade uma era de conflitos que diria sim ao animal bárbaro, ou mesmo selvagem, que existe dentro de nós, o qual nasceria em seu estado embrionário no século XIX, se projetando no século XX, e, se consolidando no século XXI.
A poesia é uma pletora de desinformação. Assim
ela dá sua maior contribuição a um mundo
estraçalhado de dados, vulnerável ao dígito
Como eu estabeleci um modo de vida sui generis, em que a solidão é vital à produtiva e consequente utilização positiva de tal modo de usar a vida, posologia autenticamente literária, em sua acepção maior, fruo hoje, três anos após o início da solidão, muito e bem da situação de eremita da literatura.
Têm sido extremamente válidas e sobremaneira significativas para mim as contribuições teóricas e as visões práticas expendidas, acerca do que seja ou possa ser poesia absoluta (no sentido de não ser relativa ao passado, com a marca vencida), dos professores da FAMASUL – Palmares: Admmauro Gommes, Sylvia Beltrão, João Constantino, Márcia Maria, Marcondes Torres Calazans, Ricardo Guerra e Romilda Andrade, entre outros, que se estão debruçando sobre essa avançada “modalidade de rima”, concorde com o tempo atual (o século XXI).
Por que poema absoluto repulsa?
Amedronta, afasta leitor instintivamente, leva-o a reprimir-se, incomoda (tipo afasta de mim esse cálice de palavra)... e essa autorepressão é incontinente, efetiva e indetida, quer dizer compulsiva, maior que a vontade de ler (ao poema... difícil, estranho... temível, repulsivo).
No ápice, o menor significado, a menor compreensão... e por efeito a menor extensão poética (plurissignificado, polissemia, obra aberta).
Admmauro Gommes
O “ultrafuturo” é um termo cunhado por VCA, no final de 2014, em um de seus artigos sobre poesia absoluta (Poesia além da mimética), esta que, na opinião dele, é atemporal. O ultrafuturismo, divergente do futurismo de Marinetti, não nega apenas o passado, mas vale-se dele para construir um ponto cardeal, ainda que oposto, sobretudo transpassador de tempos.