Em toda a vasta antiguidade, levada pelos ventos mediterrâneos, ressoava a má nova e, respeitosos, gregos e romanos ouviam, impassíveis e doloridos, o grito que varria as águas e fazia eco nos velhos armazéns da alma: o grande Pã morreu!
DO LIVRO ERMO E SÚBITO
A uretra do objeto era álvara, embora indecisa... e a verdade escura ainda como o coração da pedra ou o grito sonâmbulo apenas azul do enorme rumo que se abriu de um talvez qualquer como seda da boca mole do bicho.
A ESTÁTUA DO TEMPO
Serventia de estátua: wc de pombos e abrigo de lodo iodado construído, úmido.
POESIA COMO FORMA (E OBJETO DA LÍNGUA)
Os formalistas consideram a linguagem poética como soma de procedimentos (ou técnicas estilísticas) que visem suspender o discurso, deter a atenção sobre a forma da mensagem, desviando o foco da poesia sobre a mensagem como conteúdo (informação)
TEATRO ALQUÍMICO
A cena do atanor filosófico, em conjunção explícita com a metafísica do fogo e do uivo, ante toda a glória da água plena, se desenrola no teatro da página química da alma.
POESIA PURA
Vital Corrêa de Araujo
Fazer poesia sem nada mais que a ideia de poesia é o propósito (único) da poesia não impura. Constitui o desiderato deste (e de alguns outros poucos) poeta hoje. Não sei amanhã, mas o era ontem.
DOIS SULCOS DA LIRA ÁULICA
1
Néctar atento
árduo sumo
audaz matiz
POESIA ABSOLUTA E TAL
Praticamente, o movimento (movediço e radical, na acepção positiva do termo) Poesia Absoluta nasceu com o livro Título provisório, publicado em Natal-RN em 1979, aquinhoado com o mais importante prêmio literário do Rio Grande do Norte.
CÍTARA ÁRTICA OU ELEUSINA
Cítara abstrata
empilha pedras
óbices arranja
acorda o caos