Deixei de beber, confesso.
Afirmo, digo e assino embaixo da voz.
Deixei de beber, confesso.
Afirmo, digo e assino embaixo da voz.
Poema desidrata-me veias, árido ato único da energia de suas águas abstratas, rimas morrem em meu rosto que nunca termina, o último solitário sal já não me acena, sinal de que a terra me desdenha, finda quase o destino, a ânima nada amena me estranha, talvez não, sim...
à atenta loucura dos homens partidos
a momentos de náuseas e carnívora ansiedade
à poesia, essa selvagem fábrica de metáforas.
Yolanda Cavalcanti, como a chamou Vital Corrêa de Araújo, é a Paladina do amor.
Sem amor a vida é erma.
Fui ao equinócio da alma
à serra onde o espírito repousa
a páramo onde Deus durma
Nas ansiosas reentrâncias da palavra acredito.
Estranho galáxias.
Estupro estrelas.
Do páramo donde me despeço da tarde
avisto todo o ocaso, suas nostalgias
e trêmulas cores debulham como milhos
Turbas urbanas abandono.
Em busca das agrárias nascentes
e dos demônios rurais entre amêndoas adormecidos.
Quarenta anos nos separam de um tempo em que os signos dominantes eram os BEATLES, o hard rock, o punk, a tribo gótica e alguma música calhorda de cotovelo, numa feijoada dourada que, além de chacoalhar nossas almas, endureceu o corpo que anos 50 fragilizaram, com o conservadorismo típico do após-guerra.
Poemas através da noite
(Sinfonia verbal para partituras de sal)